Como é possível que o burlesco sobre a venda dos rabiscos do Miró, tenha atirado para segundo plano (ou mesmo terceiro) a notícia do caso do jovem de 20 anos que, após sofrer um acidente automóvel, se viu envolvido em bolandas dignas do mais puro terceiro mundismo? O Hospital de Chaves, porque sem especialidade neurocirúrgica, contactou várias unidades do Norte e Centro do País (Braga, Porto, Gaia e até Coimbra) e, pasme-se, nenhum hospital tinha vagas! Restou ao doente fazer 400 quilómetros de ambulância, até Torres Novas, e o percurso final, até ao Santa Maria, de helicóptero. Mais uma vez, e porque não é caso único recente na área da saúde, não se ouviu da parte governamental qualquer explicação plausível que justificasse o sucedido. O que é que interessa aos portugueses, por exemplo, terem uma Protecção Civil que absorve milhões, preparada para grandes catástrofes, pelo menos é o que dizem, se depois não temos resposta para um “simples” acidentado neurocirúrgico? Mas tudo isto é de somenos importância perante saber-se se Portugal sai do resgate em queda livre ou de paraquedas, em cadeira de rodas, ou andarilho (sic)!
Mas voltando aos Mirós e ao burlesco dos mesmos, como é possível que os rabiscos tenham estado avaliados em 2007 (para efeitos de seguro) em 81 milhões de euros, em 2008 (segundo Miguel Cadilhe) em 150 milhões de euros e em 2014 sejam vendidos por... 35 milhões de euros? Por esta ninharia é de admirar que ainda não tenha aparecido um beneficiário do rendimento social de inserção interessado na “coisa”... ou então um qualquer Presidente de Junta ou Câmara Municipal (sic)!
Enfim: quem não deve estar minimamente preocupado com mais esta opereta tuga, deve ser o doente de Chaves, que infelizmente continua internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, em coma induzido!