A Easyjet, companhia aérea "low cost" britânica, anunciou recentemente que vai investir no Aeroporto de Lisboa 300 milhões de euros e com isso criar cerca de 2.000 postos de trabalho! Perante tal notícia, apetece perguntar se foram os administradores da "Easyjet" que se passaram dos "carretos" ou se foram os ilustres iluminados que até à data geriram este País que nunca bateram lá muito bem da moleirinha! Então não é este aeroporto, agora alvo desta iniciativa privada, que desde as "calendas gregas" se encontra saturado, a rebentar pelas costuras... esgotado? Enfim: é por estas e por outras que se chegou ao que se chegou... e os políticos levam as mãos à cabeça quando alguém, lúcido, defende a entrada urgente do FMI em Portugal. É que a vinda de tal Entidade, ao contrário de a tentarem pintar como um autêntico "papão" do zé-povinho, é, antes sim, uma autêntica dor de cabeça para os doutos iluminados que ligados de uma forma ou de outra à "coisa" da política iriam ver as suas vidas douradas a perderem muito do seu exuberante brilho. Daí a urgência das reuniões de bastidores, dos acordos de ocasião, do cinismo e das patranhas oportunistas com que de quando em vez reciprocamente se gostam de mimar. Mas, voltando à louvável iniciativa da Easyjet, esta apenas vem confirmar, se dúvidas restassem, que a construção do novo Aeroporto Internacional de Lisboa seria um autêntico crime contra a "coisa" pública, um roubo e uma provocação megalómana a todos os pagadores de impostos, tão só porque o "novo riquísmo" de Alcochete é inútil, desnecessário e desagregador de toda uma estrutura social e económica que por mais defeitos que lhe apontem, ainda vai funcionando na perfeição na Portela de Sacavém. Ao invés do que disse o “grande líder”, que este investimento significava confiança na nossa economia, este investimento é, isso sim, um atestado de incompetência passado a todos aqueles que tanto podem falar da necessidade de novos aeroportos... como de lagares de azeite (sic)!
Quando os ministros das respectivas "pastas" dizem que o valor do deficit foi uma surpresa, que desconheciam fazerem-se cá produtos de superior qualidade reconhecidos mundialmente (como o calçado) ou que não sabem quais os números exactos da taxa de desemprego (entre muitos outros dislates)... o que pode acontecer, afinal, ao País que todos eles governam ou julgam governar? Tão só afundar-se, irremediavelmente, num "tremedal" profundíssimo e esperar que uma qualquer "cápsula" de medidas a implementar pelo Fundo Monetário Internacional (quiçá baptizada de "Fénix") o venha içar dessa penumbra claustrofóbica provocada pela insensibilidade, pela ignorância, pela indiferença e pela ganância dos descarados pseudo-gestores que administraram esta sua "coisa" como uma mina sem fundo onde os intermináveis filões de reluzentes euros surgiam por obra e graça do divino espírito santo! Mas se é fácil apontar o dedo a terceiros, neste caso aos "profissionais" da política, mais difícil será fazer ver aos "mineiros" da presunçosa "mina" que também eles têm a sua quota-parte no "buraco" do qual todos (ou quase todos) estão reféns! Para além da média quase "galáctica" de três telemóveis por indivíduo, das continuadas férias em paraísos de caipirinhas, mojitos e águas mornas, dos "home-cine" de última geração e de uma miríade mais de refinados hábitos (sempre superiores ao do vizinho) estruturados à roda de engenhosas e complexas urdiduras financeiras (leia-se crédito), tudo o mais são "peanuts", continuando o "zé-povinho" a "marimbar-se", pelo menos aparentemente, para a tão apregoada crise e para todas as consequências dela inerentes. Enfim: da paremiologia popular retira-se o ditado que "para aprender a andar é preciso cair e esfolar os joelhos", mas este povo, de tão esfolados já os tem, deveria era mentalizar-se que não será nesta nem na geração vindoura que virá a conseguir andar para onde quer que seja... caso, é claro, não surja já a "Fénix" do FMI!
Com o Fundo Monetário Internacional de armas e bagagens na Portela de Sacavém, entretido, ainda, até meados de 2011, nas demoradas compras de ocasião do "Free-Shop" do aeroporto (sic), foi ver os doutos "abat-jours" da República entretidos a celebrar com pompa e circunstância o centenário da dita ("capricho" que terá custado ao erário público mais uma enorme "pipa" de massa, 10.000.000 €... a recuperar, quiçá, na eliminação do 2º. e 3º. escalão do abono de família e na redução das reformas inferiores ao salário mínimo nacional)! Mas pronto: o cenário estava bonito, a mediocridade do elenco foi a habitual e o sol da Capital, indiferente à "coisa", brilhou como é seu timbre muito acima da "passerelle". No entanto, todos aqueles "salamaleques" da praxe foram desvalorizados pelos muitos portugueses que viram este 5 de Outubro como o dia da inauguração do Centro de Investigação para o Desconhecido (da Fundação Champalimaud) dedicado ao cancro e às neurociências e que coloca Portugal na vanguarda mundial da investigação biomédica... porque são investimentos destes, bem estruturados, sem derrapagens orçamentais, sem prorrogações nos prazos estabelecidos e sem tudo o mais de impensável que candidamente vai acontecendo na "coisa" pública, que podem tirar a Nação do bueiro em que os "salvadores" do costume a transformaram. Por isso, em vez de greves gerais e outras inócuas “saloias” manifestações orquestradas pelos eternos "marialvas" do costume que apenas aumentam o deficit de contentamento de todos aqueles que nelas ainda embarcam, melhor seria que tudo isso fosse mandado às “urtigas” e que os cidadãos (ao mesmo tempo que aumentavam a sua produtividade e usavam os actos eleitorais para libertar o que efectivamente lhes vai na alma) se fizessem representar em peso em muitas outras racionais iniciativas (invariavelmente de privados) que trazem, essas sim, concretas mais-valias para os portugueses de hoje e fundamentalmente para os portugueses de amanhã.
Imagine-se o que seria Portugal sem desgraçados e pobrezinhos e onde, ainda assim, o Estado disponibilizava gratuitamente toda e qualquer outra assistência sempre que o cidadão a exigisse? E perante tanta benesse, pagasse ainda aos seus funcionários vencimentos muito acima da média europeia, libertasse as micro, pequenas e médias empresas de todos os impostos e outras "ninharias" a elas inerentes e desprezasse as previstas cobranças de portagens nas "scuts" anulando ainda todas as existentes... entre mil outros facilitismos (não esquecendo, é claro, a proibição de qualquer tipo de despedimento, mesmo existindo justíssima causa)? A que se iria agarrar Francisco Louçã e o Bloco de Esquerda, Jerónimo de Sousa e o Partido Comunista e mesmo Paulo Portas e o Partido Popular? Para estes "surfistas da indigência" e à falta da habitual apresentação de rasgos inovadores que contribuam para tirar Portugal da situação em que o mesmo actualmente se encontra, a existência dos muitos milhares de desempregados só pode ser uma gigantesca felicidade, o aumento da violência, a mediocridade dos cuidados médicos e uma justiça cada vez mais inacessível, uma enormíssima alegria e a fome, essa malvada insensível que cada vez mais se vai apoderando de tudo e de todos, uma grande e maravilhosa bênção vinda do Olimpo! Só assim se entende que estes "artistas" continuem a apresentar propostas atrás de propostas que, a fazerem Lei, apenas contribuiriam para levar os remediados ao limiar da pobreza e os pobres ao extremo da miséria (tendo em conta que os direitos sem deveres apenas acelerariam o fim do debilitado "Estado Social"). Sarcasmos para longe, é uma pena que os portugueses não vejam estas e outras almas a fazer um pequeno esforço para manter um diálogo minimamente credível com aqueles que ainda assim, embora mergulhados na essência da mais genuína gestão do merceeiro quase falido, vão tentando a custo nivelar a “ilusão” a contento de todos... ou de quase todos!