O aroma do "Tabu" (noutros tempos contrabandeado entre postas de bacalhau, pacotes de "Lola" e latas do mais puro pimentão de "Vera") chegou-lhe às narinas, naquela manhã tórrida de Agosto, oriundo de uns bonacheirões forasteiros que por certo ali iam cumprir a tradição da canícula! Nas bordas da Lagoa, entre mil e um pratos de plástico decorados com ossos e coiratos por demais ressequidos pelo astro rei, uma infinidade de sacos coloridos que "bronzeavam" entre "calhaus" e ramagens e uma multiplicidade de indescritíveis adornos tão brilhantes como os "diamantes" "swarovski", mas ali contrafeitos com cacos de monumentais bebedeiras e caricas da nossa cerveja de sempre (tudo deixado por muitos outros fieis "peregrinos" que os precederam e nunca recolhidos por aqueles que deveriam ter mão na "coisa")... estendiam-se cobertores com a imagem da "senhora de Fátima" e almofadas com a "águia vitória", bancos de "realizador" e garridas toalhas coroadas com apuradas "feijoadas" (como é da "praxe") adormecidas em tachadas envoltas nas fotos do Cristiano Ronaldo e da mãe Dolores... que compunham as páginas de um "futeboleiro" diário da véspera!
- Mas afinal quem é a mãe da criança, ó Jósiana?
- É "amaricana", já te disse, porra!
- Não parles ainsi à grand-mère... entendu Josiana? Vê lá para onde te vai esse focinho! (vociferou alguém que vergado à sua proeminente massa abdominal, retirava do "ministeriável" automóvel os símbolos maiores da sua masculinidade: dois garrafões de 5 litros impecavelmente empalhados e com as iniciais J.M. gravadas a castanho dourado)!
Perante tal cenário (!) o “maluquinho” da BTT deu à pedaleira e rumou para outras paragens, não tão agradáveis mas bem mais civilizadas, satisfeito, por um lado, por ver cumprir a tradição em honra do majestoso “Vale do Rossim”, na Serra da Estrela, e desiludido por ver a naturalidade com que estes (e outros) romeiros já juntavam os seus pratos plásticos, os sacos coloridos e os contrafeitos adornos "swarovski"" aos muitos que já lá jaziam (sic)!
Enfim: PORTUGALIDADES!
Face à facilidade com que se adquire no mercado o 9º. ou o 12º. ano de escolaridade (este último comprava-se por 500 €... mas devido à crise o seu preço baixou já para os 400 €, isto se não conseguir um Centro Novas Oportunidades que na "excelência" de "produzir" mais certificados, tenha um ou dois formadores a elaborar graciosamente a "coisa") não se entende muito bem o porquê de tanta algazarra por o Ministério da Educação ir encerrar mais 701 escolas do 1º. ciclo! Afinal elas estão abertas para quê? Para os professores terem de passar a garotada independentemente de eles saberem ler, escrever, saberem ser ou estar? O Ministério da Educação ao invés de andar a rabiscar "uma aventura... às mijinhas", deveria era encerrar de vez a totalidade das escolas do 1º. e do 2º. ciclo e ao contrário de prometer aos recém-nascidos um cheque de 200 euros, fornecer-lhes, no acto do Registo, um diploma (a rosa ou azul bebé) atestando os seus conhecimentos, que pouco menos serão que aqueles que viriam a adquirir se frequentassem as tais "escolinhas" (sic)! Sarcasmos à parte, porque a Educação é um dos pilares máximos de uma sociedade moderna e desenvolvida, é desmotivante e preocupante olhar-se para toda uma elite de iluminados e vê-los entretidos, na maior da escuridão, a tentarem juntar as peças de um "puzzle" do qual não fazem a mínima ideia do que seja! O secretário de estado talvez imagine uma corriqueira paisagem de "Punta Cana"... a quinhentas e tal peças! A senhora ministra, um cenário helvético de neve e relógios de cuco... a outras tantas peças! E o primeiro-ministro, embora indiferente a quase tudo, talvez vislumbre "o menino que chora" (aquela depressiva "visão" de Giovanni Bragolin que uma vez na vida a todos calhou em sorte no sorteio anual da Comissão Fabriqueira)... a mil e muitas mais! Enfim: no meio de tanta dissensão, resta aos portugueses o consolo de olhar para o seu timoneiro e ver que, apesar de tudo... através de "novas oportunidades" se pode chegar sempre mais além (sic)!
"A melhor homenagem que se pode prestar aos bombeiros mortos nos incêndios é continuar o combate aos fogos." Tal afirmação não surgiu de nenhum pirómano em final de carreira, de nenhum seguidor da "escola" de Sacher-Masoch e muito menos de alguém preocupado com o seu futuro profissional (sic)! As palavras são de Rui Pereira... Ministro da Administração Interna (que pela sua aparente maneira de ser levam qualquer um a julgá-las como sinceras e sentidas)! No entanto, ironias à parte, este género de frase só alcança o fim pretendido quando vinda daqueles que levam à cena as respeitáveis homilias domingueiras, porque é a esses que cabe a missão de confortar as almas com ramagens verbais e "filigrânicas" viradas para o superior santíssimo! Assim, melhor ficaria a tal individualidade ter dito que em homenagem às vítimas de tamanho estado de sítio, iria chamar à responsabilidade todos aqueles superiores "medalhados" (e todo o séquito de aspirantes à "lata") que nos momentos mais críticos das operações não se coibiram de "vestir" o seu melhor ar fotogénico e eloquentemente se entretiveram a mandar para a abóbada etérea os mais estrambólicos bitaites sobre a forma de domar a "coisa"! É que, enquanto isso, centenas de homens e mulheres, entregues à sua sorte, divagavam pelo "teatro de guerra" vinte e mais horas consecutivas, contando quase só com a boa vontade do desataviado apoio da excitada populaça (traduzido em pacotes de leite, latas de petinga e carcaças)! Enfim: Como os factores base dos incêndios se mantêm há muito inalterados (a falta de civismo dos pedreiros e pastores, o alcoolismo, as maleitas psiquiátricas daí inerentes e as guerrilhas de vizinhos e herdeiros) e a única variável é a meteorologia, ninguém espere que o próximo "remake" de tal flagelo venha a ter algo de inovador ou extraordinário, aliás como quase todos os "remakes"… mesmo com as labaredas a "3D" e os roncos dos “Kamov KA-32” em "surround" (sic)!
No "meu" querido mês de Agosto (ano após ano e desde há muito ano a esta parte) é dado a ver ao País e aos portugueses (pelo menos àqueles que nos restantes meses tudo fazem por não ver) a confirmação pela qual Portugal continuará sempre a ser uma "coisa" problemática e obscura para os sonhadores que ainda vão construindo horizontes financeiros, económicos e sociais minimamente desanuviados de tudo aquilo que há muito já deveria ter sido atirado para trás das costas. E se agora ainda lhes vai restando (aos tais quiméricos) o fraco "consolo" de a crise monetária ser quase à escala global, a crise de consciências, de posturas e de valores, essa, por estes sítios, continua cada vez mais acentuada... e a recomendar-se! E porquê o querido mês de Agosto para trazer à espuma dos dias (como agora é "chique" dizer-se) este horrível deficit da faculdade da razão em julgar os nossos próprios actos? Se durante o resto do ano os portugueses de cá ainda vão conseguindo, discretamente e a custo, assolapar a sua congénita maneira de ser, neste mês não... muito por “culpa” daqueles que durante 11 meses, nas fímbrias de Paris ou nos arrabaldes de Genéve, "congelaram" a sua portugalidade e a trazem agora, fresquinha da "silva", a bordo de ministeriáveis automóveis "rent-a-car" corados de vergonha pelas sonoridades do Graciano Saga e do Quim Barreiros (que ao longo de muitos quilómetros vão sendo obrigados a debitar). E se na realidade os portugueses presentes se sentem desconfortáveis com a chegada de toda esta "maralha" de "irmãos" ausentes, é tão só, apenas, por estes lhes trazerem à lembrança a essência da qual todos afinal são feitos! Essa enormíssima mescla, promíscua, em que se cruza a falta de educação, de cultura e sociabilização em que inexplicavelmente este insignificante rectângulo à beira-mar encalhado vai eternamente marinando… independentemente de políticos, de políticas e de politiquices de ocasião.
Face à ausência de um qualquer rasgo inovador na ciência do governo desta nação, torna-se descabido, inoportuno ou irrelevante, mesmo, opinar o que quer que seja sobre a matéria em questão... e sendo assim, embora descabida, inoportuna mas relevante, como todas as decisões do Ministério Público, deparou-se o comum do cidadão com o facto de os tribunais terem "ilibado" do caso "Freeport" o Engenheiro mais badalado do País! Tal juízo, independente de tudo o resto, deveria constituir um motivo de alívio e orgulho para a populaça. Mas não! Para descrédito de todos, o zé-povinho ficou a saber que o "seu" Engenheiro pode continuar a ser naturalmente acusado de actos indignos na feitura do "bolo inglês" de Alcochete e ao mesmo tempo presumivelmente inocente (até prova em contrário)... para além de continuar a ser cozido em lume brando nas habituais conversas das comadres do soalheiro! Para estupefacção de toda a "maralha" pagante, aquele que deveria ser o primeiro a ser ouvido, não por ser engenheiro mas por ser o engenheiro primeiro-ministro (sobrinho e primo de quem é), não o foi… por falta de tempo do respectivo Juiz da "coisa" (sic)! Admira que tão séria e imaculada figura, sabendo disto (como é lógico), não tenha feito um acérrimo finca-pé junto de quem de direito (usando, inclusive, toda a sua natural, poderosa e conhecida influência) no sentido de ser "escutado"! No entanto e com a urgência que foi dada a ver, marcou uma conferência de imprensa para comunicar ao País que "a verdade vem sempre ao de cima" (como o bom e o mau azeite)! Com esta atitude a Justiça portuguesa mostrou o seu mais completo esquecimento pelo essencial e a sua preocupação com o acessório, porque só houve Freeport porque houve Sócrates e não porque tenha havido um Smith, um Pedro, ou outra alma menor. Falta de tempo? Logo em Portugal, onde se gastam milhões em horas extraordinárias (sic)!