Olhar para todo este descomedimento que sem qualquer controlo vai corroendo todos os princípios basilares de uma sociedade aparentemente civilizada, não deixa de ser uma realidade triste (porque banalizada) e preocupante (porque infindável)! Entre a arte de uma chifruda mímica patrocinada por um ministro e a recente encornadela verbalmente desnudada pelo presidente do conselho de administração de uma nobre cotada em bolsa, o "zé-povinho" lá se vai "deslumbrando" com tanta arte neovanguardista perpetrada por toda esta superior fauna, desconhecendo (ou ingenuamente não querendo conhecer), que afinal de contas é a eles que vai cabendo o ingrato "papel" principal! E qual é esse papel? Serem alvo de uma constante humilhação, por parte de tudo e de todos, a troco de um dos salários mínimos mais baixos do espaço europeu (entre outras obscenidades). Como Santiago Sierra (artista espanhol) bem apregoa, "o grande desejo das democracias é ter figurantes passivos, obedientes e mal pagos para tal" e bem vistas as coisas o caso português é exemplar. Efectivamente o que os governados "tugas" tem feito é representarem situações rebaixadas e vexatórias que os seus governantes (e os tentáculos destes) julgam ser obras de arte. Repare-se em mais estas duas pérolas: António Mendonça, Ministro das Obras Públicas, ao afirmar que com a construção do TGV, Lisboa se irá transformar na praia de Madrid... ou então o dislate do Procurador-geral da República, Pinto Monteiro, ao alvitrar que "tentar alterar a linha editorial de órgãos de comunicação para não serem hostis ao Governo não é crime de atentado ao Estado de Direito" (sic)! Enfim: Voltando a Santiago Sierra e depois de tanta "arte", é impossível não olhar para o seu trabalho "Los Penetrados" e não fazer uma analogia com a nossa realidade e com o nosso ingrato papel (sic)!
- De cócoras até quando, afinal!
Muito se discute sobre a queda do “superior ser" da política de hoje (qual Benevides de Barbuda) e o consequente atirar dessa responsabilidade para cima da oposição, quando na realidade a sua génese poderá estar no seio do próprio Partido Socialista! A ser assim, a quem interessaria a "coisa"? Na realidade, o "morgado" de Vilar de Maçada nunca recolheu grande simpatia entre os chamados "históricos", que desconfortáveis com tanta arrogância e ignomínia lá foram mantendo a sua elegante aparência e postura por interesses do mais íntimo foro. A fazerem ponto de honra o enlevo do País, há muito que o “Anjo” teria sido aconselhado a colocar-se dentro dos basilares princípios da família, evitando os erros que transformaram uma maioria em minoria... a desaguar, hoje, num árido deserto de coisa nenhuma! Esta aparente contradição entre os interesses dos "peixes-de-água-profunda" e a perda de poder do Partido que fundaram, explica-se pela eterna cativação de posições e influências, sabendo de antemão que chegada a hora da assumpção das responsabilidades, essas recairão sempre sobre aquele que exerceu (ou julgava exercer), no momento, influência sobre o pensamento de toda a "maralha", ressuscitando os outros como os magnificentes amparadores inquestionáveis e "queridos" da maltratada Pátria (sendo esta política de contra-senso mais uma das muitas explicações para a "populaça" andar num constante "corre-corre" de "calças na mão")! Assim, depois de olhar para a intemporalidade de toda esta "tribo" e desanuviando um pouco o "astral", apetece parafrasear um dos vários encimados "régulos" da rosa (a quem poderia interessar a "coisa", porque não?), quando comparou os tempos do PREC a um manicómio em auto-gestão. Os tempos são efectivamente outros, mas a "edificação" e a sua governabilidade... infelizmente parecem ser as mesmas (sic)!
Em tempos que já lá vão, o tempo perguntava ao tempo quanto tempo o tempo tem... e o tempo respondia ao tempo, é o tempo que o Mário Crespo tem! Agora parece que foi o Engenheiro que perguntou ao Director de Programas quanto tempo resta ao tempo que o tempo do Mário Crespo ainda tem (sic)! Na ausência de esclarecimentos fidedignos por parte do idóneo "chefe de Mesa" do restaurante Tivoli e por isso remetida a "populaça" para a essência das melhores conversas tidas pelas comadres ao soalheiro, alvitram uns que talvez o Director tenha respondido ao Engenheiro que o tempo do Crespo é o tempo que a paciência de V.Exª. já não tem... e outros que o Director, encrespado e a lançar fogo pelas ventas, ripostou ao Engenheiro "mas afinal quanto tempo tem o tempo que o seu Governo ainda julga que tem? No meio de toda esta "chacota" digna do mais superior riso zombeteiro e com a nossa desgraça social e económica a ocupar as primeiras páginas de toda a prestigiada imprensa mundial, facilmente se conclui que nada nem ninguém neste País aprendeu nada com o tanto tempo que o tempo de todos já teve e que a Nação continua a queimar o tempo que cada vez mais já não tem, tardando em chegar a um tempo que a faça concluir que tudo isto não anda nem desanda, não pela ausência de dois pares rodas (!), mas pela existência de uma sociedade conformada, acomodada e resignada que não se dá ao trabalho de gerar (ou ao menos tentar gerar) o que quer que seja que produza algo enriquecedor para a economia... e fundamentalmente para as mentalidades. Perante tantas atitudes intriguistas e boateiras em que a bisbilhotice, a coscuvilhice e a mexeriquice são sempre a regra e não a excepção, é pena que ninguém pergunte ao tempo quanto tempo tem o tempo que a infeliz geração vindoura ainda tem (sic)! Se calhar nenhum... tantas as “calhandrices” ininterruptas e eternas de instantes feitas "pão-nosso de cada dia".
E ai está, no negro caminho do rodado, o Alegre candidato Manuel de Melo Duarte! Se qualquer um de nós, por mais longe que esteja do seu "torrão" natal, perguntar ao vento que passa notícias do seu País, o vento cala a desgraça... e o vento apenas nos diz: o "Poeta Político" perdura na obsessão de "estorvar" o nº. 11 da Calçada da Ajuda, em Belém (sic)! Com o seu elevado estilo mavioso e apaixonado, osculado, ao de leve, pelo entusiasmo assoberbado do seu crónico e sentido sentimentalismo, o homem da luta (não confundir com nenhum Nelo nem Falâncio) continua a acreditar que o tempo de cárcere passado na Fortaleza de S.Paulo, em Luanda (no já longínquo ano de 1963) lhe dá o suporte necessário para as suas mil e uma vontades de mudança e afirmação (justíssimas, diga-se de passagem) e que a riqueza da história do seu País é mais que grandiosa para abrir as grilhetas da pobreza e do deficit económico que há muito dele fez refém. Apesar de redondamente enganado nestas suas certezas, é de admirar a "juventude", ingénua como todas as juventudes o são, deste "jovem" de 74 "primaveras"! No entanto, melhor seria para todos que a verdadeira experiência vivencial deste distinto e acarinhado patrono, patente numa por demais extensa e concisa biografia, fosse direccionada para o apoio a uma outra qualquer figura do panorama nacional, mais jovem e consequentemente possuidora de uma visão actual da sociedade, da economia, do mundo... e do futuro! Manuel de Melo Duarte, o Alegre candidato, continua a acreditar que é possível a um "poeta político" (superiormente imbuído em todas as suas regras, ordens, doutrinas e sensibilidades) vingar numa sociedade por demais pejada de insensíveis, banais e inconsequentes "políticos poetas" (sic)! Mas pronto: há sempre alguém que resiste... há sempre alguém que diz não!