Não deixa de ser curiosa a forma como os portugueses reagem perante as decisões daqueles que vão tendo "mão" na infinidade da "coisa" pública. A insensibilidade e a perda de memória demonstrada para com os actos engendrados por todas as superiores mentes decisórias é tal, que parece só encontrar-se uma explicação para isso nos estudos de Aloysius Alzheimer, neurologista alemão (sic). Será que esqueceram que todo o excessivo "circo", em contraste com o seu diminuto pão, provém apenas e só dos seus impostos? Sim, esqueceram, e de tão acomodados estarem ao remanso da sua "vidinha", enveredaram pelo “facilista” caminho do nacional-porreirismo, considerando quase todas as personagens da praça pública, figuras lindas, catitas e belas (apesar da sua mediocridade)! E vem isto a propósito de quê? De Pedro Miguel de Santana Lopes ter sido o último simpático “esquisso” da "coisa" a ser alvo de tal "benemerência" popular! O Presidente da República, imbuído nos direitos atribuídos por toda a "fauna", resolveu conceder a tão "má moeda" a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, distinguindo, assim, "os destacados serviços prestados ao País no exercício das funções que desempenhou" (primeiro-ministro, nas condições por demais conhecidas, de Julho a Dezembro de 2004). Sinceramente! Olhando para esta justificação (6 meses de trabalho), para a inocuidade da produção por si desenvolvida e para o alto grau avaliativo com que foi brindado, apetece perguntar que sentido faz existirem perto de 700 mil cidadãos sujeitos ao complexo e trabalhoso Sistema Integrado de Avaliação de Desempenho na Administração Pública (SIADAP), por exemplo. É uma dicotomia que não se entende, este desligar da realidade existente entre insensatos governantes e inertes governados... só passível de descodificar, irremediavelmente, na essência dos "calhamaços" do tal Dr.Aloysius (sic)!
Entre a complexa urdidura do "Face Oculta" e os contactos oportunamente lançados pelo Governo sobre toda a oposição (tendo em vista a passagem do seu enredado e maquinal Orçamento pelo crivo da Assembleia da República), vai uma distância de tal maneira diminuta que ambos os processos se misturam na imensa enxurrada do descrédito que tudo parece querer desmoronar. Na realidade (e para todos ficarem bem na fotografia) o que se vai desenrolando, também, entre as "iluminadas sapiências" da política nacional, são compras e vendas de favores e influências que a coberto do irónico (e às vezes cínico) interesse de Estado para sempre ficarão sepultadas nos meandros "doirados" das quatro paredes do aconchego negocial (seja ele qual for). Entretanto e porque julgam que o "zé-povinho" se contenta com um bem encenado espectáculo circense, vão deixando passar para o exterior uns ensaiados discursos inclinados à guerra, repletos de modos mais que belicosos... mas intimamente imbuídos em ternuras e enamoramentos! Resumindo (e com o "negócio" praticamente concretizado) ficará para a história do País um Governo que manifestou publicamente a "venda" de um contrafeito diálogo, um PSD e um CDS que em desnorte se predispôs a comprar esse "gato por lebre" como forma de sobreviver e uma Esquerda completamente inócua com o seu habitual e estafado discurso da "cassete" contra "urricos"! Assim, cai inevitavelmente por terra aquilo que os mais conscientes e realistas vão apontando como a única solução para o desenvolvimento futuro da Nação: não governar em função dos ciclos eleitorais ou dos pontuais interesses pessoais e partidários... (correndo o risco, se calhar, de os seus intervenientes não serem condecorados com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo face aos irrelevantes serviços prestados ao País). Portanto, e ironias à parte...é mais do mesmo!
Fatal como o destino é chegar ao fim de um ano e passar em retrospectiva tudo o que de mais marcou esse espaço temporal. Se para uns é uma espécie de catarse para encararem o novo fado que o seguinte lhes reserva, para outros mais será um agradável exercício “redactorial” de compilações a fazer ocupar os nobres espaços das suas "grelhas" de programação. No entanto, sem desprimor para todas aquelas "coisas" que foram escolhidas para tal fim, não se entende que a mensagem de natal do primeiro-ministro de Portugal não tenha sido, também ela, uma das mais relevantes marcas do ano finado! Não pelo arrazoado por ele ali produzido (por demais conhecido do "poviléu"), mas pela trabalhada intervenção plástica que o “actor” fez à sua "face visível" (por forma a adequá-la à personagem que quis deixar transparecer em tal ocasião). É que, de chofre, confrontados com tais imagens, muitos portugueses se terão interrogado, por certo, sobre o que faria José Sócrates naquele dia e àquela hora, no coração da Times Square, no "chiquérrimo" museu da Madame Tussauds! Mas pronto: vamos ter esperança e acreditar que, no final do presente ano, quando se elaborar a sua compilação retrospectiva, o lugar cimeiro seja ocupado por uma figura de relevo nacional. À partida, não será de menosprezar já a "fita" da Mensagem de Ano Novo de sua Excelência o Presidente da República. Não pelo seu "explosivo" discurso (que fez as delícias de toda a trupe dos "paineleiros" da Nação), mas pela magistral figura de cera que tão bem interpretou (sic). Resumindo (e sem ironias)... não será já mais que tempo de toda esta "rapaziada" se deixar de tantas "etiquetas" e descer à "terra", pelo menos nas datas alvitradas, com um "patoá" e uma postura minimamente nivelada com a do comum dos mortais? Vá lá: vão ver que não custa nada... e cai sempre bem!
Com a crise económica e financeira nacional completamente debelada e com os portugueses, finalmente, a deixarem para trás a sinistra luzinha do fundo do claustrofóbico túnel, é mais que lógico que o Governo e as oposições se dediquem agora a dar largas a muitas outras políticas pelas quais todos ansiavam como "cego por ver"! Entre a discussão sobre a necessária e urgente criação de 5 ou 6 regiões, imprescindíveis para manter um equilíbrio de forças entre todos os devotos da boa causa pública (através dos mil e um jogos de influência, interesses pessoais e outros favores em forma de cunha) e a que opõe os defensores da "bitola" europeia dos da "bitola" ibérica (tema deveras apaixonante para o comum do cidadão) surge, finalmente, a tão esperada e necessária decisão que vem permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo! Numa altura em que o desemprego precisa de ser contrariado, são medidas destas, efectivamente, que vem impulsionar a criação de milhares e milhares de postos de trabalho, quer seja na restauração (por via das "bodas"), na floricultura (pelos "bouquets"), nas agências de viagens (pelas "núpcias") e em mais uma infinidade de negócios que sobrevivem graças às "listas de casamento"! E depois, bem... e depois de tudo isto e porque é necessário continuar a cavalgar a onda do progresso e da modernidade, não admira que mais cedo ou mais tarde se comece a encharcar a praça pública com a incontornável discussão sobre os casamentos polígamos e a sua consequente legalização ou com a implementação de uma disciplina sobre orientação egodistónica logo a partir dos bancos do segundo ciclo do ensino básico... isto, porque é de pequenino que, mesmo não tendo dúvidas sobre a sua orientação sexual, os "putos" a poderão alterar por causa das consequências que a ela venham a estar associadas (sic)! Enfim: é Portugal no seu melhor!