Será que a entrevista que o Primeiro-Ministro concedeu recentemente a um canal televisivo não deveria encher de orgulho toda uma Nação de afortunados cidadãos?
Irradiando narcisismo q.b., Sócrates quase que afirmou que foi com ele que os Portugueses conceberam os primeiros instrumentos de pedra, que aprenderam acender uma pira, a construir lareiras, a cozer alimentos e a confeccionar roupas de pele costuradas com agulhas de osso polido (sic)!
Apesar da realidade nua e crua dos desconcertantes indicadores económicos, o País, como que anestesiado, parece esperar que o Senhor Engenheiro venha ainda a anunciar a descoberta do caminho marítimo para a Índia e o consequente fim do deficit graças ao multimilionário e megalómano negócio da canela, do gengibre e da pimenta (sic)!
Os “velhos do Restelo” bem clamam que para além do escorbuto já corroer metade e outro tanto da população, nem daqui a mil luas de andadura se atingirá o Reino de Ogandé… mas ele nega e sonha fervorosamente chegar à fala com o distinto Samutiri Rajá, soberano de Calecute (sic)!
Enfim… só uma patologia do foro psiquiátrico ou neurológico poderá explicar a passividade com que os Portugueses aceitam de bom grado as promessas arrastadas de um exacerbado “visionário” que no concreto se resumem a um presente cheio de nada e a um futuro de coisa nenhuma.
Ou então, Sua Excelência, a exemplo de Grenouille (o artesão perfumista de Patrick Suskind), está na posse da verdadeira e absoluta fragrância que a todos fascina e conquista:
- “O Perfume”!
A manifestação contra a política educativa, da qual o Secretário-Geral do Partido Socialista foi vítima quando se preparava para uma reunião com 130 respeitados professores oriundos de todos os pontos do País, só pode ter vindo de uma facção de “docentes”, desordeiros e quiçá alcoolizados, que tentaram assim transmitir ao comum cidadão uma imagem distorcida do ensino numa Nação que dá “cartas” (e computadores) no que concerne ao progresso e desenvolvimento educacional!
Não é com acções deste calibre, combinadas com a ligeireza de um “e-mail” ou “SMS” que se deita por terra o árduo trabalho do Senhor Engenheiro Primeiro-Ministro e de todo o seu “staff” de homens e mulheres de reconhecidos e incontestáveis méritos e que, ao invés de terem de passar por estas e por outras "didactologias" de somenos importância poderiam muito bem já estar refastelados na privacidade dourada de um qualquer gabinete de uma empresa pública.
Infelizmente, para os arruaceiros, “o tiro saiu-lhes pela culatra”: o espírito dos portugueses continua imbuído de uma satisfação rara pela forma como o seu prestigiado “timoneiro” orienta a portentosa nau da educação nacional (e não só).
"Nunca tinha visto isto em tantos anos de democracia…eu sei bem do que estou a falar", desabafava Sócrates sobre a iniciativa arruaceira.
Sabe o "factotum" Engenheiro... e sabem cada vez mais Portugueses (sic)!
Quer se queira quer não o facto de ser figura pública justifica por si só os mais variados trabalhos jornalísticos que sejam dados à estampa: tenham eles uma ponta de verdade e pouco interessa que na sua génese esteja a provocação ou outra qualquer segunda intenção.
O Primeiro-Ministro diz-se insultado e perseguido! O certo é que todos os “dardos” jornalísticos que lhe têm sido arremessados vão impregnados com uma ponta dessa tão fundamental e credível verdade!
Um jornal diário, ao questionar a Licenciatura da dita figura, fez o que lhe competia: deu a conhecer ao País uma história que ainda hoje está mal esclarecida, quer pelo visado quer por todos os outros "figurões" que directa ou indirectamente nela se viram envolvidos.
Surgiram agora os Projectos Técnicos do Senhor Engenheiro!
Se este foi mais um exercício de ataque político e pessoal, como Sócrates tentou novamente fazer crer, o facto é que foi o próprio a reforçar nas aparentes justificações de defesa a tão necessária verdade que credibilizou ainda mais a notícia junto da opinião pública.
Estas peças, do mais puro jornalismo de investigação, vão compondo (associadas a outras que ainda hão-de surgir) o puzzle de carácter do indivíduo que governa uma nação.
Quem não quer ser político (logo figura pública) não lhe veste a pele: dedica-se, por exemplo, à construção civil ou á simples assinatura de projectos... partindo do princípio que está habilitado para tal (sic)!
Na recente remodelação governamental o Primeiro-Ministro podia e devia ter ido mais longe para não deixar no País, novamente, aquela imagem do “desenrasca” tão bem retratada nos horrorosos projectos por si (?) elaborados em tempos nas longínquas terras de Egitânea!
Ninguém é assim tão virginal e inocente para acreditar que a política vai mudar de rumo tão só porque mudou de cara. Que vão ser reabertos os Serviços de Saúde do “nosso” descontentamento e que a Cultura vai passar a dispor de muitos milhões para “fitas”… na melhor das hipóteses cinematográficas.
Com as sondagens a pressionarem negativamente toda a escaldante acção Governamental, esta inopinada decisão de tão determinada figura mais não é que um adicionar de água fria para serenar os ânimos de uma equipa desnorteada, que se limita tão só a aguardar que um qualquer milagre económico mundial venha, por arrastamento, a pairar por sobre o toro escanzelado da tão velha e maltratada azinheira nacional.
Apetece dizer que em vez do tal projecto do “desenrasca” o Primeiro-Ministro deveria ter um projecto de solução, que passaria, no caso concreto, pela remodelação do Engenheiro José Sócrates e de toda a sua já provada ineficaz linha política (sic)!