O Governo, ao passar o ano que agora finda a “afinar” a máquina do Estado, a retirar-lhe direitos e a aplicar-lhe deveres tendo como intuito o nivelamento entre o público e o privado, merece, porque é de toda a justiça, palavras de apoio e incentivo. Mas... maldito mas!
A imagem de alguma equidade que a custo construiu tomba que nem baralho de cartas e os funcionários públicos, que a pouco e pouco iam perdendo aquela “animosidadesinha” de estimação de todos aqueles a quem o manto do “Sagrado” nunca cobriu, acabam apelidados, inevitavelmente, de ”calaceiros” do costume.
Porquê?
Chegar ao Natal e Fim de Ano e o Governo decretar a “tolerância de ponto” para 740 mil portugueses é imoral e inexplicável em termos económicos. Explica-se em termos políticos... mas essa explicação não dignifica em nada quem nega não partilhar da “politiquice”.
Mas enfim: como a época é de paz, amor e compreensão... concede-se uma tolerância de ponto a este infeliz ponto governamental na esperança de que o novo ano seja efectivamente de igualdade entre todos aqueles que constroem Portugal: os “funcionários”... e os trabalhadores (sic)!
Se grande parte dos Portugueses não gosta da escrita de Saramago e se Saramago não gosta por ai além do País onde vivem os Portugueses, porque razão a Ministra da Cultura deveria marcar presença na comemoração do 85º. Aniversário do escritor realizado no seu País de eleição, a Espanha, rodeado daqueles que ele não esconde serem os seus mais entes queridos?
Apenas a hipocrisia poderia explicar a presença de Isabel Pires de Lima no acontecimento, mas como tal não aconteceu a sua ausência deverá ser interpretada como uma atitude de respeito pela forma de estar e de pensar de Saramago! Aliás, o mesmo respeito que deve existir para com outros seus recentes aforamentos apenas explicáveis pela deterioração temporal a que o ser humano é sujeito, esse inevitável delíquio existencial que separa o mundo do comum Zé da Azinhaga dos Besouros do imortal Saramago do mundo.
Esteve assim em sintonia com o provérbio da cultura popular, o não tanto popular Ministério da Cultura Português:
- “Presunção e água benta, cada qual toma a que quer”!
Da minha parte, embora atrasados, “felices cumpliaños”, “Señor” Saramago (sic)!
O que foi dado a assistir ao País aquando da assinatura do “Tratado de Lisboa mais pareceu um falso espectáculo de circo!
As sirenes estridentes que iam saindo das brilhantes “motoretas” dos batedores, quiçá do “poço da morte”, anunciavam o clímax próprio de um triplo mortal sem rede e às ceguinhas. De imediato, ao respeitado recinto do espectáculo, foram chegando em fila “pirilau”, funâmbulos ricos, pobres, ilusionistas, trapezistas, contorcionistas, equilibristas, faquires mais vendedores de pipocas e banha da cobra!
Com a “orquestra” afinada o Engenheiro da Cerimónia, inchado que nem um “feijão-frade”, deu início ao espectáculo e uma enorme orgia de vaidades, orgulhos, pedantismos e hipocrisias decorreu.
Cumpriu-se, assim, o badalado espírito de Sócrates (ironicamente chamado de Lisboa) através do qual o Primeiro-Ministro de Portugal completou, a “reboque” da tal “coisa” do Tratado, o seu “Processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências”! Venham de “lá”, agora, e a exemplo de outros, as inevitáveis “Novas Oportunidades” (sic).
Ao ver as tais imagens senti-me um provinciano, pacóvio mesmo… mas com uma vontade redobrada de fazer a visita da praxe ao modesto (mas verdadeiro) CIRCO que nesta época natalícia assenta arraiais no terreiro fundeiro da minha “aldeia”.
E aí, sem qualquer peso na consciência, virar-me para o vizinho de bancada e no final da apoteótica salva de palmas que a esforçada trupe mereceu, dizer-lhe:
Não ficaria nada mal ao Primeiro-Ministro de Portugal saber usar a humildade e o orgulho em doses que em termos culinários se designam pelas iniciais q.b. (quanto baste)!
Vem isto a propósito das muitas “caldeiradas” que já “confeccionou” e ao facto de todas elas (segundo o próprio) serem repletas de uma unanimidade celestial em torno da frescura do “peixe”, das “especiarias” usadas e do necessário tempo de “cozedura”.
Para se evitar a indigestão, recorde-se apenas as duas últimas:
- A Cimeira de Lisboa… “foi um grande sucesso porque dela saiu finalmente o tão ambicionado Tratado da União”. Deliciosa, portanto!
- A Cimeira EU-África… “foi um êxito brilhante porque todos os objectivos foram alcançados sem deixar nenhum de fora.” Saborosíssima, sem dúvida!
Por entre tantos “pitéus” confeccionados por tão ilustre e internacional “Mestre das Caldeiradas” era bom que de tempos a tempos os Portugueses também partilhassem de tais “refeições” e esquecessem por momentos o já gasto cardápio que teimam, há muito, em lhes apresentar.
É que andar constantemente a comer do deficit, sinceramente já enjoa (sic).
Á volta do escabroso julgamento (porque infindável) dos casos de pedofilia na “Casa Pia” e da monstruosa decisão (porque tardia) tomada pelo Tribunal da Relação de Coimbra no “Caso Esmeralda”, giram pedopsiquiatras, patologias disto e daquilo, auto mutilações, tentativas de suicídio, e mais um rol de palavrões que explicados ao comum dos mortais lhes produziriam arrepios, náuseas e pele de galinha!
Estes dois casos têm um preocupante elemento comum usado pelo Sistema Judicial: tentar vencer as vítimas pelo cansaço, mandando às malvas as mais elementares regras de um Poder Judicial que se quer justo e rápido em vez de troca-tintas e pachorrento!
Os “putos” da “Casa Pia” e o Pai Baltasar tem de possuir o dom da paciência, isto é, saber esperar e manter o optimismo de verem uma luzinha ao fundo do túnel mesmo que essa luzinha esteja envolta em ténues névoas ameaçadoras.
O Joaquim, o Manuel ou o Francisco, abusados sexualmente, continuam a reviver diariamente algo que deveria estar não esquecido, mas arrumado convenientemente na sua memória:
- O Processo “Casa Pia” foi desencadeado no início de 2002!
A Esmeralda, porque tem agora cinco anos, vai padecer disto, daquilo e de mais mil outras maleitas? Possivelmente vai:
- O seu Pai Baltasar pediu o poder paternal em 27 de Fevereiro de 2003!