Curvo-me, respeitosamente, perante o discurso de Sua Excelência o primeiro-ministro José Sócrates usado no último debate (?) sobre o estado da Nação bem como na entrevista concedida a um canal televisivo!
Ouvi-o, com atenção, e arrepiei-me perante a humildade de um Homem discreto, trabalhador, empenhado, justo, sério, tocado ao de leve pelo gesto quase imperceptível de um qualquer Deus do Olimpo.
Por momentos pensei no orgulho de uma geração que teve a sorte de nascer num País assim, gerador de homens deste calibre! Cheguei a ter inveja, (esse sentimento tão feio e execrável)!
Apetece esta ironia porque muitos, se calhar muitíssimos, se sentem afastados do tal discurso do optimismo, desenvolvimento, incentivo e modernidade continuando apenas e só esperançados que esta onda positivista que graça no ideal de alguns, poucos, se transforme numa realidade efectiva vivida e sentida por todos
O País retratado por Sócrates apenas existe no seu imaginário e a ser assim ocupa um lugar errado num tempo que nunca foi o seu.
No meio de tudo isto onde cabe Portugal e entram os Portugueses?
(Ou então estou redondamente enganado e todo este País do “faz-de-conta” se desenrola no “Castelo de Hogwarts“ numa trama fertilmente urdida pela mente genial de J.K.Rowling.)
Numa sociedade onde a saúde e a dignidade dos cidadãos é cada vez mais vilipendiada, custa a acreditar que estejamos num Portugal do século XXI, 33 anos depois de uma... ilusão!
O que se tem passado com as Juntas Médicas a doentes terminais devia-nos encher de pudor, de vergonha. Um Estado que reduz a saúde e a dignidade a uma tômbola onde se misturam os estados de espírito de dois ou três “carniceiros”, insensíveis, sem alma, com a influente viciação dos dados lançados pelos “jeitos da cunha” não é um Estado democrático: é um (latente) Estado ditatorial, sádico, que regride ao primitivismo da lei do mais forte.
Por este andar, o nosso déficit já não é só económico mas também de moralidade, civismo e cidadania. Não tardará a ser exigido no processo de concessão de Aposentações, Reformas ou outros dos mais elementares direitos do cidadão a obrigatoriedade da Certidão do Óbito... afinal de contas o óbito que há muito tem sido induzido, sem apelo nem agravo, no corpo desta raquítica nação Lusa.
As causas do mesmo?
- Meta aí de causas naturais. Sempre se evitam chatices (sic).
Mais de 60% dos Lisboetas preferiu ir lançar simpáticos papagaios de “papel” para a praia em vez de ir dar corda a outras “aves” trepadoras que imitam muito bem a voz humana.
No entanto, quase 40% desses "Alfacinhas", vá-se lá saber porquê, deram corda a essas aves, fizeram-nas atingir o tão apetecível “galho” da Câmara Municipal e deram às de “vila-diogo” não festejando com o António Costa, o inventor do C.U. – Cartão Único, a sua nomeação como Passarão-Mor da Autarquia.
O Costa, abandonado pelo seu Povo e não querendo deixar em mãos alheias a sua alcunha de “MacGyver de Sócrates” resolveu a situação fazendo-se rodear de velhos e velhinhas oriundos de Cabeceiras de Basto que se haviam deslocado à capital para visitar as portas giratórias do Hotel Altis (numa acção integrada - como única explicação plausível - na disciplina de tecnologia da Universidade Sénior Cabeceirense)! Talvez este tenha sido o facto de mais realce num rescaldo eleitoral que termina quase sempre com os habituais discursos dos rotos para os nus (sic)!
Mas vá lá: embora ilusoriamente, Lisboa está “desenrascada” por mais uns tempos.
Justiça seja feita o Senhor José Manuel Rodrigues Berardo (o Comendador), vingou na vida arregaçando as mangas perante as areias auríferas da terra dos “Zulus”. O décimo homem mais rico de Portugal, depois de ter afirmado em 1979 que nunca regressaria à Pátria… regressou. Regressou porque o mundo é grande e a grandeza do Senhor José não era suficientemente grande para sobressair na grandeza desse mundo! Como todos os imigrantes comprou uma Quinta, a da “Bacalhõa”, produz os seus “pipitos” do mais puro néctar e carrega uma pronúncia estrangeirada associada a um português ilhéu, por si só já difícil de entender. Gosta de dar nas vistas e depois de coleccionar caixas de fósforos da “Fosforeira Portuguesa”, dedicou-se à arte moderna e contemporânea.
No fundo, todos os imigrantes são assim: carregam no sangue a saudade da Pátria, do Tinto, do Benfica… e vá lá… de exibirem no tão ansiado regresso o resultado de tantos e árduos anos de trabalho.
Apetece dar-lhe os Parabéns pela inauguração do seu museu no CCB (Centro do Comendador Berardo), num espaço que já foi nosso, o CCB (Centro Cultural de Belém), mas… seguindo o seu exemplo de frontalidade dizer-lhe também que nem todo o burro come palha, mesmo sabendo dar-lha! Felizmente ainda há “burros” determinados, ao contrário de outros “asnos” e “jumentos” que comem o que lhes põem à frente.
A “novela” Câmara Municipal de Lisboa foi prolongada em demasia com “episódios” desnecessários partilhados por todos os seus intervenientes.
O intuito, apenas e só, o de as “tribos” de interesses envolvidas encontrarem uma aparente base de entendimento de onde ninguém saísse a perder. Essa base de entendimento, não conseguida na Capital, é a que suporta, afinal de contas, muitos outros “enredos” que se desenrolam de norte a sul do País. São “filmes” intermináveis, tipo Manuel de Oliveira, pagos por todos apenas para gáudio de alguns.
As autarquias são hoje instituições que se vão consumindo a elas próprias até um já não longínquo final: por completa inépcia de uma mentalidade de gestão, estes enormes palácios de ilusório poder vão-se confinando cada vez mais ao interior das suas quatro paredes em detrimento das populações, afinal de contas a sua razão de existir.
O apregoado pacote de transferência de competências irá tornar-se não numa fórmula de desenvolvimento mas num processo de criação de arguidos em série, não por má fé mas por pura ignorância (sic).