Sensibilizados pela acção da CIP a sociedade civil parece apostada em participar activamente na vida pública nacional. Esta atitude é de tal maneira benéfica que por certo irá enterrar de vez o marasmo e o comodismo instalado na agremiação dita à paisana. Vejamos:
- Os “Produtores de Carne Barrosã” dizem ser os únicos com “chicha” necessária para erguer o novo aeroporto em Terras do Barroso. Os “Criadores dos Galos Capões” contrapõem que não senhor, enquanto os “Amigos dos Ovos-Moles”, o único mimo regional a bordo da Classe Executiva, realçam o facto para reclamarem a tal obra.
Mas eis que os “Apreciadores do Queijo da Serra” dizem que perfeito, perfeito, seria a zona entre o Arcozelo e a Dobreira devido à qualidade do leite de ovelha ali produzido, apreciado, segundo dizem, pelos principais pilotos do A340. A ganhar cada vez mais crédito está a “Associação de Fazedores de Objectos Fálicos das Caldas” para quem a Portela mais Um (mais um das Caldas, entenda-se) seria a solução ideal!
Mais a sul… bem, a “Confraria do Porco Preto” e os “Produtores de Vinho do Redondo” dizem-se sem espaço em cima da mesa para elaborarem o que quer que seja que tenha a ver com essas modernices.
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Envergonhem-se caros políticos e se não os tem no sítio peçam a colaboração dos “Produtores de Tomate da Lezíria Ribatejana” (sic).
Depois de 14 milhões de euros gastos numa bateria de estudos ao longo de muitos e muitos anos, eis que, em 4 meses, surge milagrosamente uma tese que deita por terra o dogma “Socrático” do Aeroporto da Ota!
Francisco Van Zeller, Presidente da CIP, apesar da não unanimidade de toda a Confederação (o que é estranho), aparece na ribalta pelo facto de ter feito recuar o governo numa matéria dada por adquirida. Mas... porquê o facto de criar à volta da iniciativa uma certa aura de mistério e nunca ninguém vir a saber, segundo o mesmo, quanto custou o trabalho e quem o pagou?
É que quando a esmola é grande, os pobres devem desconfiar e preparar-se para mais cedo ou mais tarde pagarem com juros a factura que inevitavelmente irá aparecer!
Mas acreditando na sua bondade, Senhor Francisco, elabore lá também umas teses que ajudem a inverter a actual delapidação e desacreditação dos serviços de saúde, educação, segurança, justiça, enfim, que alteram o mapa de todo um País que continua a trilhar os caminhos que (parece) o diabo traçou.
Podem não ter o misticismo dos outros, os de “Compostela”, mas a modernidade inovadora dos de “Van Zeller” (sic).
O discurso usado por Cavaco Silva nas comemorações do Dia de Portugal, Camões e das Comunidades não deixa de ser pertinente, mas… não passa disso mesmo.
Os “rituais” de tal celebração estão bafientos, gastos e há que ter a coragem de chamar as coisas pelo nome: hipócritas.
“Não me resigno à passividade perante os indicadores persistentes do nosso atraso em relação aos parceiros europeus, não me resigno aos fracos níveis de crescimento económico, ao abandono escolar preocupante, à pobreza e exclusão social de tantas famílias, à escassa dimensão das componentes cientifica e tecnológica do nosso aparelho produtivo», dizia Cavaco.
Mas quem é que trocou Portugal e os Portugueses pela obsessiva redução de um défice que mais não é que uma mera treta economicista de Bruxelas?
O 10 de Junho parece reflectir cada vez mais, apenas e só, um Feriado durante o qual se desbobina uma estafada “fita” de personagens em 8mm.
O 10 de Junho não se celebra, não se comemora não se ritualiza: aplica-se, ou deveria aplicar-se nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano.
Até isso acontecer eles falam, falam e ninguém os vê a fazer nada de útil… (e nós ouvimos, convencidos que há-de chegar o dia em que, pelo elevado grau de sacrifício com que vamos aturando tudo isto, nos será colocada na “peitaça” uma das muitas medalhas que abundam lá por Belém)!
As coisas são como são e no que respeita aos resultados da Greve Geral do passado dia 30 de Maio, José Sócrates e todo o seu Governo tem carradas de razão e à que lhes dar os “parabéns”. Aquilo foi tão parcial, tão parcial, que a CGTP devia envergonhar-se e apresentar um pedido de desculpas a Portugal e aos portugueses.
Diz Carvalho da Silva que encerraram uma dúzia de escolas e meia dúzia de Centros de Saúde, Hospitais e Tribunais. Esquadras de Polícia… nem uma!
Em contrapartida, medite-se um pouco nestes números:
- Só a Ministra da Educação encerrou no passado ano 1500 escolas e vai encerrar no presente ano lectivo mais 900! O Ministro da Saúde fechou já 13 Serviços de Atendimento Permanente e prepara-se para encerrar mais 43. Hospitais? Só no dia da tal greve informou ir encerrar 4 unidades de internamento psiquiátrico! O Ministro da Justiça prepara-se, para de uma assentada, encerrar 28 Tribunais de Primeira Instância, quase todos no interior do País. Até o Ministro da Administração Interna já começou a encerrar Esquadras da Polícia de Segurança Pública em localidades com menos de 15.000 habitantes (coisa, aliás, que a CGTP nunca conseguiu).
Caros Sindicalistas: continuam a achar que é necessário, mesmo, serem vocês a tentar parar o Pais?