A ADSE aumentou os exames e as análises aos seus Beneficiários.
Muitos dos habituais críticos crónicos das medidas governativas desta vez deram a mão à palmatória e vieram mesmo elogiar o Ex.mo Senhor Secretário de Estado do Orçamento. Havia a necessidade urgente de dar um pouco de credibilidade e importância a determinados actos clínicos. Só um País terceiro mundísta poderia ter uma análise do tipo “Cariótipo Alta Resolução em Fibroblastos”, uma importantíssima “Prova do Clomifene” ou o banal tira teimas da “Linfócitos B/Estudos de Função” a custar vinte e poucos cêntimos! Vergonhoso e nada dignificante nos dias que correm.
Ainda assim, ouvi da boca da D. Prazeres, adjunta do Tesoureiro lá da Repartição, que “é um “roubo” pagar 15 Euros para saber se tenho ou não muito Retículo Endoplasmático”.
Estou chateado com o meu Estado, com a minha Justiça, com tudo.
Eu, que sempre fui um cidadão exemplar, nem queria acreditar!
De que me valeu cumprir religiosamente as peregrinações a Fátima (as mais difíceis, a pão e àgua), gritar a plenos pulmões o nome do Eusébio e do Benfica em tudo que é mundo, brindar a vizinhança com a voz única da Senhora Dona Amália (sempre no limite dos décibeis do aparelho) e pagar as minhas obrigações fiscais como quem paga as promessas ao santinho padroeiro lá da aldeia… sinceramente!
Dei conta que este ilustre cidadão exemplar, de referência, não teve direito aos cinco segundos de fama, de brilho e de glória nas listas da Direccção Geral de Finanças e da Segurança Social.
Eu, José Povinho, por ter as minhas obrigações todas em dia, não sou digno de uma atenção do meu Estado, da minha Justiça, de nada nem de ninguém.
“Terroristas queriam cometer assassinatos em massa numa escala inimaginável.”
Confrontado logo pela manhã com a gravidade de tal afirmação e autenticada com a chancela da Scotland Yard, o mundo ficou em estado de choque.
A informação que ia sendo divulgada, foi um alucinógéneo que provocou uma dependência a mais e mais notícias. Esqueceu-se a chacina Israelita sobre o Líbano e o facto de pela primeira vez no recente conflito a cidade de Beirute ter sido alvo de ataques directos (mera coincidência, por certo). O preço do petróleo caiu
Não partilhando de teorias conspirativas, a realidade é que o hipotético ataque terrorista parece ter sido baseado numa qualquer mega produção “Spielbergiana”, de tão imaginativas as suas bases: a prisão de 21 Paquistaneses que (pensava-se) iriam fazer explodir em pleno voo, 5, 7, 9 aviões de passageiros. Como? Com uma mistura de água oxigenada, ácido sulfúrico e acetona q.b.!
Desviar atenções de casos sérios da actualidade com “estórias” virtuais baseadas no “pensa-se que…”, “não se sabe bem onde…” e terminar dizendo “que não vale a pena enfatizar muito a gravidade de tal plano”… é demasiado elementar, meu caro Blair.
Com mais uma sondagem positiva a incentivar-lhe o continuar de uma política de incendiar e deixar arder as “barbas do vizinho”, o Primeiro-Ministro lá vai parecendo que anda (mas não anda) aos olhos de quarenta e tal por cento da população.
Com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma, lançou lume à função pública, à educação, à saúde, à justiça, à agricultura, às polícias…(se calhar ao país) e vem, no pico da canícula, dizer que a área ardida no território nacional é a mais diminuta dos últimos anos (sic)!
Com uma perícia cirúrgica, consegue, neste “xadrez” de queimadas sectoriais de fogos e contra-fogos, iniciar aparentes rescaldos de acalmia, sempre, é claro, ao sabor da sua particular agenda.
Os factos são clarinhos: o homem tem dedo para a “coisa” (política). Na arte de aparentar o que não é, Sócrates é um predestinado, um eleito, agarrado ao governalho da sua barcaça guiada por mapas de estrelas cadentes traçados pelo Sábio Astrónomo Constâncio.