Portugal continua a cair, imparável, para o fundo de um desconhecido "abismo", não pelas "ideias" reformadoras do actual primeiro-ministro, a maioria delas necessárias e imprescindíveis para o País (Segurança Social, Administração Pública, Educação...), mas pelo efeito do autoritarismo e da arrogância que conscientemente empregou na aplicação das mesmas. Não virá a constar, por isso, nos "tratados" da história, pela nítida visão da realidade (positiva, reafirme-se) mas pelos efeitos provocados pela cegueira narcisista de quem quis ser líder ao arrepio da melhor e mais experiente conselheira que a qualquer momento pode existir: a humildade... e a diplomacia! Faltou-lhe, irremediavelmente, o tacto necessário para tornear o descontentamento que uma mudança (mesmo tendo em vista um melhoramento) sempre causa num povo geneticamente avesso a alterações, modificações ou transformações... desde que essas alterações, modificações ou transformações nada tenham a ver com "gadgets" tecnológicos, como telemóveis, "pêcês" ou "elcêdês" de última geração! E se aparentemente grande parte da população ainda não deu conta do enorme "trambolhão" económico e social que o País está a dar, que o "agradeça" à imensidão do "abismo" que origina a que os ecos da dura realidade surjam à superfície quando muito lá para meados de Novembro ou Dezembro... sejam o congelamento de salários e reformas, os aumentos de impostos e o pior de todos eles, a ingovernabilidade da nação. Por tudo isto (e por tudo aquilo que o Zé-Povinho nem imagina), talvez fosse este o momento de alguém, realmente novo no "meio" (e não disfarçado ou recauchutado), vir à praça pública fazer o discurso da verdade sobre o futuro de Portugal e dos portugueses.